segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Desapego.



Tenho o coração cheio. Repleto de energias regeneradoras, que fluem frenéticas num emaranhado de ideias e aspirações. Tenho o coração a transbordar emoção, devoção e gratidão, num gesto efémero e perene de resiliência, finalmente. Os obstáculos sibilam ordens de derrota e eu anseio por me desprender. Desapego. Do ontem e do amanhã. Do pensamento alheio e dos meus medos. Da desconexão e da desorganização. Da sociedade mecânica e da civilização consumista. Levanta os braços em sintonia com as tuas entranhas e respira. Respira solenemente. Deixa que a Mãe Terra deslize pelas células entorpecidas dos teus pés e se funda ao teu Ser. O teu Ser ordeiro e inquietante. Encosta a palma das tuas mãos frágeis ao divino térreo do chão frio. Aquece-lhe a superfície áspera, enquanto sopras ao de leve sobre o ar que te adensa. Sê tu, todos os dias, nesse dia revitalizante, mais um, que te apraz e te saúda destemidamente, enquanto balanças o tronco e te ligas à calidez do piso humedecido pelo esforço da tua prática. Sê audaz, cerra os olhos e deixa o corpo fluir, ir e revir, liberta-te dessa consciência que te prende ao vulgar, segue a tua viagem até ao asana seguinte, segue a viagem da tua mente. Evolui, segue os teus ideais. Respira e tenta outra e outra vez. Não desiste. Não teme. Não. Não te preocupes. Sê feliz, levanta-te e expira. Une as mãos e os pés. Agradece. Samasthiti.

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